Vitória do FC Porto no primeiro clássico desta edição da Liga, num desafio intenso, apaixonado mas excessivamente tático que redundou num resultado justo face ao que se passou no relvado. Apesar da derrota o Benfica conseguiu dar boa réplica e o empate não chocaria nenhum adepto; pelo contrário, os visitantes obrigaram Casillas a realizar as melhores paradas do desafio. No entanto venceu a equipa mais consistente e ofensiva, sendo que para dramatizar ainda mais o tento do FC Porto surgiu apenas nos minutos finais e por intermédio de um jogador que Rui Vitória lançou e refinou na primeira liga: André André foi o nome da noite.

Rui Vitória surpreendeu com a estreia de André Almeida a meio-campo, com o camisola 34 a responder à altura e a ser essencial na inesperada superioridade encarnada durante o primeiro tempo. Durante esse período o irrepreensível posicionamento tático benfiquista foi suficiente para domar os azuis e brancos, enquanto a elasticidade de Gaitán e de Jonas (muito recuado) confundiam as marcações portistas e conquistavam bolas paradas. Seria principalmente através deste tipo de lances que os encarnados conseguiriam causar perigo, fazendo valer a maior experiência dos seus elementos para fugir às marcações e alvejar a baliza, especialmente por intermédio de Mitroglou que ameaçou aos 9′, 12′ e 27′. O FC Porto por seu turno foi-se aguentando até equilibrar a partida, mas até ao intervalo praticamente não se viu junto da baliza de Júlio César – a excepção foi num lance que nasce num erro crasso de Eliseu e que acaba anulado por fora de jogo.

Com o tribunal portista a pressionar nas bancadas, a segunda parte trouxe uma equipa azul e branca ainda mais pressionante e determinada, com Rúben Neves ao comando a empurrar os visitantes para mais perto da sua área. André André, que já tinha sido um dos destaques pela positiva nos primeiros 45′, abriu o livro logo aos 51′ com um cruzamento perfeito que Aboubakar desviou espetacularmente para o poste. Estava dado o mote: o Benfica mantinha a luta intensa na intermediária mas já não conseguia esticar-se até perto de Casillas, e com o jogo a desenrolar-se nas imediações da baliza encarnada era uma questão de tempo até as oportunidades surgirem. Brahimi apareceu um par de vezes sem marcação pelo lado esquerdo e não conseguiu daí retirar nada, enquanto Aboubakar só foi batido pela elasticidade de Júlio César quando enfrentou o keeper brasileiro no um contra um. Finalmente, quando ambos os técnicos queimavam os últimos cartuchos na procura da vitória mas os jogadores já acusavam em demasia o desgaste de uma partida intensa, André André construiu e finalizou o 1-0 com a preciosa colaboração de Varela.

O FC Porto descola assim do eterno rival e pode isolar-se no primeiro posto caso o Sporting não derrote o Nacional da Madeira, ganhando uma injecção de moral para as próximas partidas. O Benfica recolheu indicadores positivos e pode orgulhar-se do que fez no Dragão, mas os 4 pontos de atraso para a liderança não sendo irrecuperáveis começam a deixar pouca margem para mais deslizes.